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Marmita: economia ou cilada? Estudo aponta falha nutricional.

Publicado por: ABBT | 18 de Julho de 2017
ABBT - Marmita: economia ou cilada? Estudo aponta falha nutricional.

Daniel Cardozo - Especial para o Jornal de Brasília

Na hora do almoço, os trabalhadores têm a opção de economizar na refeição recorrendo às marmitas vendidas na rua. Indicação de colegas de trabalho e anúncios em redes sociais ajudam o consumidor a escolher um produto. Ainda assim, é preciso ter cuidado com a qualidade da comida. Uma pesquisa feita na Universidade Católica aponta condições precárias de higiene e altas concentrações de calorias em amostras analisadas. Comerciantes, por outro lado, garantem a procedência. A venda é considerada clandestina pela Vigilância Sanitária.

 

A estudante de Nutrição Amanda Hoffmann, da Universidade Católica de Brasília, foi a responsável pela pesquisa, que analisou dez marmitas. Em 40% das refeições, a quantidade de calorias estava acima do limite de 800 recomendado pelo Programa de Alimentação do Trabalhador. Outras 10% tinham menos calorias do que o mínimo previsto, 600. A quantidade de proteína estava acima dos parâmetros em 90% das amostras.

“Essas quantidades podem favorecer o surgimento de doenças e causar sobrepeso, em médio e longo prazo. Além disso, é impossível saber quais foram as condições de preparo e quanto tempo os alimentos demoraram a ser embalados e ficam armazenados. Por isso, quando o trabalhador consome marmitas de procedência duvidosa, ele está mais propenso a doenças”, concluiu Amanda. Também foi constatada a presença de gordura em quantidades maiores que a recomendada.

Sem reclamações

Lugares próximos a prédios de escritórios são os pontos preferidos para os vendedores de quentinhas. Os profissionais do mercado informal aproveitam a grande circulação de pessoas para oferecer opções mais baratas do que restaurantes. O preço geralmente fica entre R$ 10 e R$ 12. Não é difícil ver filas e aglomeração de interessados. Isopores e caixas térmicas guardam as refeições de muita gente que quer pagar mais barato.

Há três anos, a comerciante Maria José Muniz, 37 anos, vende marmitas e garante que nunca recebeu reclamações. Ela assegura tomar precauções de higiene possíveis, como o uso de toucas. “Cada um faz do seu jeito, mas eu preparo em casa e coloco na embalagem de plástico aqui, sempre tomando cuidado com a limpeza”, resume.

O mecânico de refrigeração Carlos Silva, 36, prefere trazer a própria refeição de casa, mas, quando isso não é possível, recorre à comida vendida na frente do trabalho. “É como em outros produtos: é bom perguntar para os amigos se eles conhecem o serviço. Estou acostumado a comprar no mesmo lugar porque sei que é bom”, diz.

Mas nem sempre existe a certeza da qualidade. O serralheiro Francisco das Chagas Vieira, 58, não gosta de comer na rua, mas confessa que, em algumas ocasiões, recorre às marmitas vendidas na calçada: “Uma vez fui conhecer a cozinha de um restaurante e vi muitas baratas. Desde então, não tenho certeza das condições de higiene de comida nenhuma”.

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De acordo com a Vigilância Sanitária, qualquer venda de marmitas é atividade clandestina, por conta da facilidade de contaminação. Apesar da dificuldade de fiscalização, o órgão costuma fazer ações quando há denúncias e operações em parceria com a Agefis.

“A falta de controle de temperatura é o principal problema. O alimento deveria ser armazenado a pelo menos 60 graus, para ser mais seguro. As caixas térmicas, no máximo, deixam o alimento a 40 graus e essa exposição prolongada a temperaturas baixas oferece riscos”, alertou o gerente de Alimentos da Vigilância Sanitária do DF, André Godoy. Por conta das horas de armazenamento, as bactérias têm mais possibilidades de proliferação. “O ideal é procurar aqueles comerciantes que preparam o alimento na hora, como os food trucks”, aconselhou.

Opções “fit” são maior tendência

São mais de 70 marmitas levadas por dia para a frente do Tribunal de Justiça e, quase diariamente, a mercadoria é toda comercializada, conforme o vendedor Alan Iago Barros, 27 anos. Trazida de um restaurante na Asa Norte, as quentinhas têm várias opções, incluindo aquelas com arroz integral e carnes magras, denominadas de fit. Entre 10h40 e 13h30, a presença de Alan é certa no local. “Nossa cozinha segue as normas e há dois chefs de cozinha e um nutricionista responsáveis pelo preparo. Vendemos comida de qualidade”, diz.

De preparação própria, as refeições vendidas por Donizete Alves, 58, também são “fit”. Além de atestar a qualidade, ele conta que uma pesquisa como a da Universidade Católica deixa um clima de insegurança. “Os bons pagam pelos erros dos maus profissionais. Obviamente prejudica o nosso trabalho. A desconfiança fica”, resume.

Para a orientadora da pesquisa, professora Iama Soares, os resultados já eram esperados, mas não deixam de ser alarmantes. A nutricionista alerta para as refeições preparadas sem critério. “É um movimento irreversível, que veio com a crise financeira. As pessoas estão economizando, mas vemos marmitas preparadas com muita fritura, alimentos gordurosos, farinha em excesso. Todos esses fatores contribuem para doenças cardiovasculares. Muitos desses profissionais agem com boa vontade, mas não tomam cuidados”, critica. Nem mesmo as marmitas ‘fit’ são garantidas, segundo ela.

Comentários:
Thiago Scomparin26/08/2017

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Thiago Scomparin26/08/2017

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